Que
atire a primeira pedra quem disser que nunca fez alguma boa besteira com
dinheiro antes dos 30 anos. Assim como na vida pessoal, a inexperiência e a
ansiedade típicas dessa fase da juventude acabam resultando em muitos equívocos
também na vida financeira. A seguir estão listados alguns dos principais erros
que cometemos antes dos 30: desde poupar demais e viver de menos até levar a
vida sem fazer nenhum planejamento. Confira e veja as dicas dos especialistas
sobre como evitar que estes deslizes acabem acontecendo também com você.
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Viver "a Deus dará", sem fazer nenhum planejamento
São
raros os especialistas que não colocam o planejamento financeiro como o primeiro
passo para qualquer pessoa que deseja colocar sua vida nos trilhos. Fazer planos
e registrá-los é o que leva os sonhos a saírem do campo das ideias e ganhar
corpo. Mas muitos jovens pecam neste ponto.
“O
jovem no Brasil vive o hoje, não se preocupa muito em planejar o futuro, em
fazer uma poupança, em pensar na aposentadoria. Ele de repente precisa de um
apartamento, ou de dinheiro para uma viagem, e só aí começa a fazer um
planejamento de longo prazo”, comenta Nicola Tingas, economista-chefe da
Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento
(Acrefi).
Ao
não planejar o futuro e não formar uma reserva financeira, o jovem fica sujeito
a lidar com apertos financeiros da pior forma e pode começar sua vida adulta já
endividado. Além disso, ao não estabelecer alguns projetos financeiros, o
dinheiro é usado de forma dispersa e não é aproveitado em todo seu potencial.
“Quando jovens, nós reagimos muito mais em vez de antecipar o que vai acontecer.
Aí fica difícil realizar nossos objetivos”, avalia Conrado Navarro, consultor
financeiro e autor do Blog Dinheirama.
2
Comprometer a renda com financiamentos e não ter flexibilidade no
orçamento
Um
reflexo da falta de planejamento é o comprometimento de boa parte da renda
comdívidas. É o que acontece, por exemplo, quando a pessoa não se planeja para
poupar dinheiro para comprar um carro ou um imóvel e acaba entrando em um
financiamento que congela mais de 30% da sua renda.
Para
Nicola Tingas, comprometer a renda com um apartamento no início da carreira pode
não fazer sentido por dois motivos. O primeiro é que no começo da carreira o
salário costuma ser menor do que quando a pessoa está mais velha e pode absorver
melhor as parcelas, sem se sacrificar tanto. E o segundo e mais importante é que
o jovem deixa de ter mobilidade no seu orçamento.
“O
jovem precisa ter um fluxo de caixa livre para aproveitar as oportunidades e
para que sua renda tenha um efeito multiplicador. Se eu sou jovem, eu ainda não
tenho nada, eu quero viajar, quero investir na carreira, em cursos, línguas e
quero atender a uma cesta de desejos de consumo muito maior do que alguém na
meia-idade. Se o jovem se compromete e surge uma oportunidade de fazer uma pós
no exterior, ou de uma mudança de cidade por causa de um emprego, ele precisa
recusar porque já está pagando um apartamento”, afirma Tingas.
Segundo
ele, nessa fase pode ser mais vantajoso para o jovem pagar um aluguel e adiar a
compra do apartamento não só para que ele aproveite ao máximo suas oportunidades
de vida e de carreira, mas também para amadurecer a compra do apartamento,
poupando parte do dinheiro para dar uma entrada maior e arcar com parcelas menos
pesadas depois. Ainda que alguns argumentem que aluguel é dinheiro jogado no
lixo, tendo um caixa livre para investir na sua formação, o jovem pode ganhar
muito mais no futuro com o seu desenvolvimento pessoal, do que com o
investimento no imóvel.
Mas,
vale ressaltar também que, se comprar um imóvel é uma prioridade para o jovem ou
se sua renda permite fazer um financiamento sem se comprometer muito, esse
desejo é legítimo. A recomendação de Tingas é simplesmente avaliar com cuidado
que tipo de uso do dinheiro faz mais sentido para você.
3
Pensar que encontrar a melhor aplicação financeira é o único caminho para o
enriquecimento
Não
é raro que antes dos 30 anos os investimentos pessoais sejam vistos como uma das
maneiras mais eficazes de ganhar dinheiro. Mas quem tem mais experiência
reconhece que o investimento na carreira e na formação pessoal pode trazer um
retorno muito maior do que o rendimento de uma aplicação financeira.
“É
preciso avaliar o custo de oportunidade. O custo de oportunidade de 5 mil reais
poupados em um ano pode ser pior do que o custo de oportunidade de usar 5 mil
reais em uma viagem a um país que faça a pessoa aprimorar sua fluência em inglês
e ligar sua cabeça para ideias novas”, comenta Nicola Tingas.
Também
é importante ressaltar que de nada adianta se concentrar em encontrar uma
aplicação muito rentável se você não poupar o suficiente para fazer aportes
regulares. Isso fica muito evidente no cenário atual, com o baixo rendimento dos
investimentos em renda fixa e com a Bolsa em crise.
"O
mais importante não é saber onde investir, ou em qual momento, mas investir
sempre. O jovem pode começar de forma simples, tirando o dinheiro da conta
corrente e colocando-o na poupança. Depois de aprender a importância de poupar e
montar seu bolo de recursos, chega a hora de aprender a acelerar o capital",
opina Navarro.
4
Elevar o padrão de vida de maneira significativa repentinamente
Outro
erro comum antes dos 30 anos é a elevação do padrão de vida de forma brusca e
exagerada. “É muito comum hoje que um jovem que ganha muito bem, como um
engenheiro ou um advogado, queira nos primeiros anos de emprego levar um padrão
de vida muito diferente do que vivia antes, comprando apartamento, carro e uma
série de coisas em um curto período de tempo”, afirma Conrado Navarro.
Segundo
ele, por mais que o salário comporte esse padrão mais elevado, ao aumentar os
gastos significativamente de uma hora para outra, o jovem ignora o que pode
acontecer em seguida. “Quando o jovem cria um padrão de vida muito alto, ele
eleva seu status a uma condição que pode ficar insustentável. Ao passar por um
momento de frustração ou precisar adequar o orçamento, seja porque ele vai
casar, ter filho, ou porque precisa mudar de emprego, ele pode não conseguir, e
isso pode ser perigoso”, completa Navarro.
5
Querer chegar ao primeiro milhão aos 30, sem ter motivo para isso
“Querer
juntar um milhão de reais até os 30 anos não representa um problema, mas qual é
a finalidade desse milhão? O mais importante não é juntar, mas sim juntar para
um grande objetivo de vida, como a compra de um apartamento de um milhão de
reais”, comenta Tingas.
Para
ele, sem um destino definido para a acumulação do dinheiro, o processo não faz
sentido, e o jovem perde mais facilmente o foco dessa conquista. “Se a razão for
simplesmente aumentar o status, provar que é capaz, por alguma questão afetiva,
ter um milhão de reais talvez seja desperdício”, diz Tingas. Em vez de poupar
por poupar, o valor que foi arduamente acumulado poderia ter sido investido em
projetos que fizessem mais sentido.
Ele
aprofunda o assunto citando o poema "Viagem à Ítaca", do poeta grego
Konstantinos Kavafis. De maneira resumida, no poema, Kavafis diz a Ulisses, do
clássico Odisséia, de Homero, que aproveite o processo da viagem de volta à Ilha
de Ítaca - onde sua esposa o espera depois há mais de uma década - e não apenas
a chegada.
“O
estudo da filosofia aplicado às finanças mostra que a vida deve ser vivida.
Chegar à Ítaca não é o mais importante, a viagem é o mais interessante. Não
adianta chegar aos 30 anos com um milhão de reais sem ter aproveitado a vida
enquanto o dinheiro era acumulado. O dinheiro tem a propriedade que nós damos a
ele”, diz o economista-chefe da Acrefi.
Resumindo,
o dinheiro não deve ser um fim, mas um meio. Ele não deve ser o objetivo em si,
mas um instrumento que dá liquidez aos projetos de vida e que permite ao jovem
aproveitar ao máximo suas experiências.
6
Acreditar em promessas de ganho fácil
Um
investimento que renda 100% ao ano, com um aporte inicial baixo e sem riscos. Os
mais experientes talvez achem engraçado, mas se uma promessa dessas é feita a um
jovem, pode ser que ele ache o negócio muito sério e acredite que tirou a sorte
grande.
“Quando
nós olhamos esses esquemas de pirâmide, a maioria dos envolvidos são jovens.
Quando o jovem vê uma oportunidade de obter um retorno de 300% ao ano em pouco
tempo e com pouco esforço, ele se ilude e entra na hora. Mas é simples: se esse
negócio é tão interessante, porque nós vemos grandes investidores como o Warren
Buffett e o George Soros lutando para ganhar 20% ao ano?”, reflete Conrado
Navarro.
Ele
acrescenta que a probabilidade de uma pessoa ficar rica em um passe de mágica,
sem ganhar na Mega-Sena ou sem ter uma ideia espetacular de empreendedorismo, é
praticamente nula, mas ela tem grandes chances de fazer algo errado e perder
tudo da noite para o dia.
Quanto
antes o jovem aprender que não existe almoço grátis e que o enriquecimento não
se dá da noite para o dia, mais rapidamente ele conseguirá focar seus esforços
em investimentos e projetos legítimos. E menores serão as chances de que ele se
frustre com esquemas mirabolantes.
Fonte: http://osligadosnasnoticias.blogspot.com.br/2013/11/as-6-maiores-bobagens-que-voce-faz-com.html